sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Sentada na Janela

29 Agosto 2005De onde vem o amor? Como ele nasce? Surge de onde? Como perdura?
A mim parece que o amor nasce na boca do estômago. Ou é lá que se manifesta a primeira vez. A boca do estômago e a garganta são os pontos físicos da saudade, da ansiedade e muitas vezes do amor que começa sem pedir licença.
Me parece também que o amor está há poucos centímetros da paixão, sendo um a melhor sensação de conforto e tranqüilidade, como o dia seguinte à conquista de um grande feito. O outro a mais esfuziante, incômoda e dolorida sensação que um ser humano pode experimentar.
Prêmio. É como se o amor fosse um prêmio pela existência pura e simples. Amor de mãe, amor de filho, amor de amante, amor de irmão, amor de amigo, amor. Milhares são as formas que o amor toma para premiar.
A única coisa que não entendo, e que vem associada a ele - parte do pacote fechado - é o ciúme. Este nasce nos olhos e cresce na boca do estômago! Torna-se um grande mostro que cega e tira o chão. Traz a maior das tristezas. Lágrimas. Raiva. É como ser deixada de lado para sempre, pequena, largada num planeta escuro, trocada por qualquer coisa...Mesmo que seja qualquer coisa importante. Sim! O ciúme que dói na boca do estômago é dramático, ou não seria ciúme. Começa nos olhos, transforma-se num soco forte no estômago e manda sinais de dor ao cérebro- se é que o cérebro pode ter alguma coisa a ver com um sentimento tão irracional. Não há lógica no ciúme. Não há lógica no amor.
Por isso associa-se amor a coisas místicas. Por isso falamos em alma, almas gêmeas, destino, coisas irreais. Porque tudo o que não explicamos torna-se religião. O amor chega em forma de algo divino, porque não é explicável. Não é palpável. Culpa-se o destino porque não é controlável. Não se escolhe a quem amar. Não se escolhe um filho, um irmão, uma mãe, não se escolhe um amor.
Eu tenho uma coisa que cresce aqui, na boca do estômago. Um amor criança, menino, que ainda não cresceu. Sim... Foi semeado sem autorização, como todos os outros. Não...Também não foi escolhido. Apenas "olha! Parece um pé de amor nascendo aqui!".
Não sei o que será, porque na há como identificar um broto. É como um filho que cresce...Você só sabe o sexo e não sabe o futuro. Será médico, engenheiro, irresponsável, artista, poeta, drogado ou louco? Não se sabe ainda na muda. Só mais tarde, se amadurecer. Não adianta perguntar aos búzios, às cartas, ao Tarot: só o Louco e a Imperatriz aparecerão - eu e o destino.
Não sei se é grande, duradouro, passageiro, singelo, impuro.
Pode ser desprendido como amor de mãe, que assiste a vida do outro e ajuda suas asas a se abrirem para ganhar o mundo. Ou amor de irmão, que dá o ombro, doa um rim, mora longe, mas ainda ama e quer cunhada e sobrinhos. Pode ser amor de amante: possessivo, que cerca e cerceia e quer e cuida e vigia. Ou amor de amigo, solto, livre, que a felicidade do outro basta por si só. Ou amor de gêmeo que precisa, que não vive sem, que sente a dor e a alegria, que não separa e não maltrata. Não sei se é. É amor ainda feto.
Assim, com paciência de mãe, vou puxar minha cadeira de balanço até a janela...Vou tecer um tapete, rezar um terço, escrever um poema, acender uma vela. Vou olhar o céu, contar os dias, contar as estrelas, as luas, os meses. Vou esperar que o vento mude, que a chuva venha, que o sol retorne. Vou plantar na floreira, semear papoulas, regar as sementes, esperar as flores. Vou fazer um doce e deixar na janela.
Bom dia.

4 comentários:

Anônimo disse...

Esse texto não está cor de rosinha...está pink!!!
O ciúmes quase o torna vermelho!!!hahahahaha
Esse sentimento que faz muitas pessoas sofrerem sem necessidade.
O ciumento tem o dom de enchergar coisas que só ele pode ver...que não existem!!!
Um VIVA ao Amor!!!!

Marlia Lopes 29.08.2005

Anônimo disse...

A paixão é a prima louca do amor. O ciúmes é o irmão bandido da prima louca...


Tito Iubel 30.08.2005

Anônimo disse...

Eu fico impressionada como vc descreve bem os sentimentos...sério..vc me descreve! hahahaha
good vibes&paz
xxxx

Sabina schwabb 30.08.2005

Anônimo disse...

Huahuahuahuahua!!! O Tito tirou as palavras dos meus dedos! Hihihihi!!!
Mto bom o texto, penso da seguinte forma: Se o amor fosse explicavel, possivel de se descrever em palavras deixaria de ser amor mais também não é uma religião, talvez seja o ponto ou caminho mais proximo que uma pessoa tem pra aproximar de ser um deus! No pacote pode vir a paixão e o ciume "essenciais" mais o amor sabio costuma lhe dar bem com isso!


Thyagota0 06.09.2005