sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Texto complicado. Ou suicídio.

21 Julho 2005

Ou essa mulher não tem juízo!

Talvez nesse texto eu esteja comentendo o maior dos atos insanos da minha vida. Será? Não....são tantos os atos insanos da minha vida! Lá vai.
Passeando pelo Orkut, dei de cara com meu ex-marido.
O segundo. Pessoa com quem tive um acidente de percurso. Um desvio causado sei lá pelo que...fiquei casada por 1 ano e meio, tudo acabou muito absurdamente mal, como todo equívoco, e não nos vemos ou nos falamos há 15 anos, mais ou menos. wow! Por 10 anos moramos na mesma cidade, trabalhamos no mesmo mercado e não nos cruzamos nem sem querer.
Como acontece isso? Dizem por aí a boca pequena que nada acontece por acaso. Hello? Porque alguém entraria na vida de alguém para ficar 2 anos no total, desviar todo o curso das coisas e depois desaparecer for ever and ever?
De qualquer maneira, não é sobre isso que eu quero falar. É sobre reações. Eu entrei lá no profile dele, vi as fotos, passei os amigos em revista. Nossa! Que coisa tão distante! Quem se tornou essa pessoa? Ou será a mesma e fui eu quem mudou? Lembro de muito pouca coisa. Lembro da mãe dele com muito carinho. Do pai dele que faleceu "durante a minha gestão" e que eu amava muito e em quem ainda hoje me pego pensando e sorrindo. Lembro de algumas poucas boas coisas e deletei quase todo o resto. Espero que meu filho tenha deletado também, porque lembro que não foi uma boa fase pra ele.
Minhas mudanças foram tão radicais que me tornei atiradora! Hahahhaa! Tá aí uma coisa que não combina comigo.
Daí voltei para o meu profile imaginando como ele abriria o meu álbum. Como veria as minhas fotos, veria que o Diogo é um homem já, e lindo, que o tempo passou e eu envelheci. O que acharia do meu profile? Será que chamaria a mãe para ver? Será que passaria batido? Será que morreria de saudade ou de ódio ou do que? Simplesmente acharia estranho me encontrar assim, escancarada num site?
Isso me fez viajar longe e pensar em outras pessoas. Como será ser deixado por alguém que se ama? (se bem que eu acho que ele não me amava) Essa é uma experiência que eu não tenho. Algumas rejeições de paixõezinhas só. Não sei se eu tenho um mecanismo de defesa muito forte...talvez...mas não. Sempre que um relacionamento importante acabou, fui eu quem foi embora. E essa não é não a situação mais confortável. Sair como a bruxa malvada não é interessante. Ser o vilão da história traz sequelas graves. Mas eu não conheço a dor do abandono.
Conheço a dor da traição e a de ser trocada, mas nos dois casos eu fiquei. Muito triste e machucada mas fiquei e fui buscar no tapa o que eu queria, e venci. Mas isso é outra historinha que um dia eu conto. Num livro. Depois que eu morrer. E o mundo vai saber direito o que é essa coisa incômoda chamada AMOR INCONDICIONAL. Mas isso é outra historinha, meus amiguinhos...
Então pensei em todos os relacionamentos que acabaram e como eu não olhei pra trás. Há poucos meses reencontrei aquela que quase foi minha enteada. E falamos tanto! E ela me contou o que sentiu com a minha saída da vida dela. E me chama hoje, aos 24 anos, de Step Mother, por que pra ela sempre fui eu a pessoa que deveria estar lá. Ai! Adoooro, mas penso hoje no que deve ter sido ruim pra ela, aos 7 anos, eu estar lá um dia e não estar mais no outro.
E fui passando tudo a limpo e vendo que muita gente passou pela minha vida assim.
Com esse meu ímpeto de mergulhar nos amores e paixões, eu alterei vidas, criei dependências e interdependências, e fui-me embora como cheguei. Eu me lembro de ter como único desejo, poder um dia amar mais do que era amada. E meu desejo foi atendido...e só eu sei como eu sofri. Minha vida foi alterada e virada de pernas para o ar, e havia então nascido o homem que vingaria todos os outros.
E com que competência ele vingou seus companheiros...
Mas não por muito tempo. Fui buscar forças nas profundezas de algum lugar sombrio para sair daquele buraco negro, vício, doença, e consegui me libertar. E penso nele também, criador e prisioneiro deste túnel escuro, entrando no meu profile e me encontrando feliz. Não deve ser gostoso. Não deve ser nada bom.
Então...em tempos de internet, a vida é mais complicada. Antigamente conseguíamos nos libertar de um amor sofrido com abstinência. Hoje, não há abstinência. O Orkut vai esfregar na sua cara, mais cedo ou mais tarde uma namorada nova, um casamento, uma notícia que você não devia ouvir. Outro dia, uma amiga minha sofria ao saber que o cara que ela gosta vai ter um filho com outra. E recebeu a notícia lendo um scrap que nem era pra ela. Que dor! Que dor!
A gente expõe a felicidade de forma quase agressiva esquecendo que pode estar causando uma dor imensa àqueles que foram deixados para trás.
Não me parece um texto suicida. A não ser pelo fato de eu querer meio que pedir perdão! Nenhum deles vai ler que eu sei. Mas mesmo assim, podem vir a saber. Eu não vou me justificar e nem tenho justificativa. Mas aqui do alto da maturidade, eu sei dizer quem sou. E sou bem intencionada! Se eu disse "eu te amo" estava sentindo isso muito profundamente. Eu só não tinha, e não tenho, controle sobre o mecanismo que me faz, com uma decepção qualquer, deixar de admirar uma pessoa. E amor e admiração para mim são inseparáveis. A admiração é o tijolo mágico, que ao ser tirado, derruba um monumento. Então...não foi por mal. Foi por não conseguir mesmo. Eu sou incompetente na reconstrução de monumentos. Daí faço tudo pra não ver que meu amor está caindo, que os tijolos estão espalhados, que tem caliça pela casa toda...e de repente esta casa não é mais habitável. And I'm gone...
Hoje foi o dia de escavar a tumba dos meus amores soterrados pela areia do tempo. Mesmo nada disso sendo bonito, tem a frase de efeito do texto que pode salvar o dia!
"Amar profundamente é a maior das verdades passageiras". Meu amor sempre foi profundo. Meus príncipes sempre foram encantados. Minhas relações sempre foram sonhadas como um conto de fadas....e nossa! como vivemos meus contos de fadas de forma plena e absoluta.
Por alguma armadilha do destino, não pude escrever uma grande fábula, mas uma coleção delas, em volumes diversos, coloridos, ilustrados, escritos em letras douradas. Príncipes, fadas, castelos, casinhas na floresta, beijos encantados, textos impecáveis.
Uma bela obra para se deixar...Mercedes, Mercedes...

9 comentários:

Anônimo disse...

Meus Deus! Como teus textos mexem comigo. Vc se expõe de uma maneira muito corajosa sempre. Tua trajetória é aquela montanha russa que sempre falo e que morro de inveja. Minha amiga querida, me sinto privilegiado, porque entendo tuas entrelinhas, sei do que vc está falando. Acho que vc merecia um amigo mais inteiro, mas um dia abro as comportas. Te amo.


Edson Perin 21.07.2005

Anônimo disse...

Já virei dependende desses textos. Como diria o Bukowski a respeito do Fante "escreve com tripas e coração". Cada dia fico mais orgulhoso de poder ser seu amigo e fico aliviado por saber que não sou o único a me expor para um mundo frio e incompreensível (algumas vezes).


Felipe Iubel 21.07.2005

Anônimo disse...

Achei que tiham revelações mais bombásticas pelo título.
E não foi suicídio não, é um texto de renovação.

Beijos Rodrigo Gameiro 21.07.2005

Anônimo disse...

Amiga, estava com saudades desse seu espacinho tão aconchegante. É como estar numa casa a beira da lareira conversando sobre as brincadeiras que a vida faz com a gente.

Esse seu texto foi mais que especial para mim, e é incrível como vc se supera a cada dia. Captou tudo aquilo que sinto mas eu, diferente de vc, costumo estar do outro lado da moeda. Foram incontáveis os foras que já levei, hahaha.

Fato engraçado é que os homens, muitas vezes, ao invés de dar o fora, fazem a gente dar o fora. Eu ouvi isso da boca de um ex meu, com todas as letras. O cretino ainda confessa, hahaha,

Talita Agria 24.07.2005

Anônimo disse...

Continuando, sorry, apertei o botãozinho antes...
Bem, e o cretino ainda confessa que fazia assim porque, se porventura se arrepender, teeia o trunfo de dizer: "quem me deu o fora foi vc, agora dê a segunda chance". Sem comentários.
Sobre esse bom-mau; anjo-demônio; construtivo-destrutivo orkut, você sabe minha opinião: "o orkut também traz infelicidade". Criei a comuna, lembra? Não é fácil acompanhar a vida alheia assim, escancarada. Notícias chegam a você nuas e cruas, antes mesmo que as pessoas digam, antes mesmo que você absorva fatos, antes que você esteja preparada para lê-las... acho que ainda preferia saber de bombas como antigamente: olhos nos olhos.
As pessoas se expõe demais. E novamente questionamos as intenções. Umas, inocentes, querem compartilhar alegria, chamar a atenção dos amigos num momento difícil. Outras, querem estraçalhar a vida dos outros, de forma impiedosa, ou mandar recado de um modo menos trabalhoso... E aos poucos o orkut descortina faces...
Perfeita sua descrição sobre os tempos de internet: "em tempos de internet, a vida é mais complicada. Antigamente conseguíamos nos libertar de um amor sofrido com abstinência. Hoje, não há abstinência. O Orkut vai esfregar na sua cara, mais cedo ou mais tarde uma namorada nova, um casamento, uma notícia que você não devia ouvir". Vou colar lá nos mes scraps. Talvez muita gente precise ler isso, porque faz as coisas de modo inocente e só precise de um toque para ver o estrago que anda fazendo.
O texto, como você disse, não é suicida. Pede desculpas. E que mágico é ver alguém pedir desculpas de coração.
É confortante, é esclarecedor, e vou encaminhar para muita gente. Posso né, amiga?

De repente uma frase sua me remeteu ao meu "about me": "E fui passando tudo a limpo e vendo que muita gente passou pela minha vida assim". Resolvi colar aqui porque acho lindo, e porque tem pertinência com nossas idas e vindas vida afora.

Beijão, linda, fica com Deus.
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"Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha. É porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra.

Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha, e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós.

Essa é a responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso" (Charles Chaplin)

Talita Agria 21.07.2005

Anônimo disse...

Sabe quando voce está precisando ouvir, ler uma coisa de alguém e derrepente voce se depara com isso vindo de outro alguém, mais experiente "como voce citou" com pontos e virgulas. e que te dá uma calma interior. de que tudo passa e vai se resolver... bem é isso...

já percebeu que sou meio que um navegante e aporto de longos em longos tempos por aqui... obrigado pelo post quase dedicado... falei de coração mesmo e não pensei em resultados falei o que senti... como aqui... obrigado por continuar escrevendo beijos

thiago
diariofalante.blog.aol.com.br 27.07.2005

Anônimo disse...

Oi... engraçado, quando me dei conta já estava aqui escrevendo qualquer para vc... loucura, né? É que eu acho que vc me inspirou a dizer algo... adorei tudo o que li... seus textos, suas idéias, as fotos, o bom gosto e o aconchego do seu espaço, enfim... viciei... volto em breve... Bjs.

Daniela Vasconcellos 25.06.2005

Anônimo disse...

Experimentei o primeiro, gostei. Dei um tapinha no segundo, gostei mais ainda. No terceiro, já virei dependente.
Meia hora depois, cheguei ao fim do blog. Fiquei sabendo mais do que devia. Estou correndo risco de morte!

Mercedez sortuda, ganhou minha admiração!
Parabéns pelos textos.

Rodrigo Batista 31.07.2005

Clélia Fagundes disse...

Mercedes Gameiro....quanto mais leio...mais me surpreendo.....vc é the best! bjs